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Apóstolo lança linha de perfumes e evangélicos perdem a essência!

Como estrada batida, à repetida frase: “fizeram do evangelho um grande negócio”, ganha a cada dia amplitude e descarada exploração comercial no Brasil. Em 2012 o pessoal da Renascer lançou uma linha de cosméticos e ano passado a turma da Mundial também passou a vender sabonetes, chinelos, chaveiros e canecas desenvolvendo um lucrativo comércio personalista com a imagem de seus idolatrados líderes. Como última tacada a fim de incrementar a entrada de mais dinheiro nos caixas da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), seu líder apostolar e sua coadjuvante bispal acabaram de assinar uma linha de fragrâncias masculina e feminina para fiéis e simpatizantes da denominação neopentecostal.

Ao que tudo indica a marca será incorporada a linha de produtos “se tu uma bênção” licenciada pela IMPD. Alguns desses “empresários da fé” tentam justificar suas ações comercias dentro do arraial cristão ao dizerem: ao invés dos crentes gastarem dinheiro com marcas ímpias, porque não com marcas cristãs que investem no reino de Deus? Eu concordo que a observação tenha sentido apenas para empresas que operarem a parte de uma igreja, porque se não for desta forma haverá de suscitar murmurações e deflagrações contra os evangélicos.

Mas, cá pra nós, essa gente não está nem um pouco preocupada com os outros, e se o reino exclusivo de seus domínios não for comprometido por perdas financeiras, qualquer prejuízo social será assimilado como mero efeito colateral. Daqui a 20 anos veremos no que isso vai dar. Que o Senhor tenha misericórdia da próxima geração que se levanta em meio a esse engodo de fé objetizada e vendida sordidamente por homens que deveriam representar o próprio Cristo.

No meio cristão nenhum negócio deveria explorar a venda de qualquer produto com imagem ou caracterização de qualquer líder ou ministério iminente para evitar desgastes. Essa associação de pastores, bispos e apóstolos com o comércio evangélico não soa como coisa boa a igreja nacional e menos ainda a opinião pública que a cerca. Ao emprestarem seus nomes, marcas e ministérios aos fins comerciais essas lideranças comprometem a recepção da mensagem cristã para muita gente neste país.

Pra dizer a verdade, nada disso faz qualquer sentido do ponto de vista bíblico e evangelístico; e se tal fundamentação não é escriturística pouco ou nada acrescentará ao reino do Senhor. O que vemos são ações denominacionais centristas com apelido de Reino de Deus, impulsionadas por comichões capitalistas que exploram a fé alheia através de seus mais descarados meios comerciais. Nada desse suposto mercado da fé é de graça, por isso não pode ser considerado evangélico.

É verdade que quem quiser comprar com o seu próprio dinheiro o que quiser está livre para fazê-lo; mas a questão não é apenas de caráter pessoal e da legitimidade de nossas compras; tem a ver com a imagem da igreja evangélica brasileira que também está sendo vendida; de modo que o que não tem valor comercial, tornou-se item de perfumaria barata. Por conseqüência, dia a dia mais o povo evangélico tem sua reputação desgastada por ações mercadológicas como essa do apóstolo e seus asseclas (se a idéia não foi de Valdomiro, ele apoiou o que dá no mesmo). Que falta faz Jesus com seu azorrague contra esse cambismo deslavado de arredores, fundos de igrejas e braços empresariais em cima da boa fé dos ofertantes e de uma clientela símplice e carente da Palavra de Deus e de um encontro pessoal com o único Cristo Redentor.

O mercado gospel é promissor e o comércio com cara de fé é vergonhoso e comprometedor. Vergonhoso porque os evangélicos de verdade se constrangem com essas vendas absurdas em nome de Deus ou dos ditos servos Dele. Comprometedor porque quantos de nós em nossos evangelismos já tivemos que engolir a seco comentários verídicos acerca de pastores que só querem dinheiro e que vendem até a alma por conta de uns reais? Os crentes vão pagar cada vez mais caro pela vexação do que está se tornando o gospel nesta nação, ocasionado principalmente pelos pastores da televisão, que ao invés de pregarem o Evangelho se ocupam mais na arte do vender e de mercadejar e como estão se superando nisso. Que Deus nos ajude!

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