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Precisamos de políticas de conscientização massiva antidrogas, em rede nacional

Precisamos de políticas de conscientização massiva antidrogas, em rede nacional

Foto: reprodução/Google

Ninguém duvida de que o consumo de drogas é um problema generalizado, sendo um dos maiores do planeta. Apesar disso, quantas ações específicas antidrogas, voltadas para a conscientização sobre os perigos dos entorpecentes vemos na rede pública de saúde, rádio, TV e internet?

Não me refiro a cartilhas e peças semelhantes distribuídas em unidades de saúde, CAPs, centros comunitários, escolas e etc. Falo da criação de políticas públicas capazes de tornar a informação antidrogas tão comum e constante, quanto uma propaganda de shampoo que passa por 24h na TV.

O exemplo do cigarro

O Brasil, hoje, é um exemplo mundial de combate ao consumo de cigarros, e isso foi alcançado graças a uma série de medidas que tiveram início da década de 1990. Entre elas estão:

A capacitação dos profissionais da rede pública nos estados e municípios para uma abordagem específica ao tabagismo;

A criação do Disque Saúde 136 (serviço para a população tirar dúvidas);

O aumento de mais de 80% dos impostos sobre o produto (cigarro);

A proibição de propaganda tabagista nos meios e comunicação, bem como nos patrocínios esportivos;

A criação da Lei 12.546/2011, proibindo o consumo de cigarro nos locais fechados, sendo públicos ou privados;

A implementação de mensagens de alerta nas embalagens dos cigarros, entre outras.

Como resultado, segundo levantamento feito em 2019, o consumo de cigarro no Brasil caiu 40% nos últimos 13 anos até àquele ano. Em 2020, devido ao contexto de pandemia, tivemos um crescimento de 34% na proporção comparativa, segundo levantamento da Fiocruz.

Em todo caso, o que podemos extrair de exemplo em relação ao cigarro, quando tratamos de políticas públicas de conscientização antidrogas em nível nacional? O maior de todos, no meu entender, é que o combate à droga é extremamente mais eficiente quando tratamos o entorpecente como ele realmente é: algo destrutivo!

A partir desse olhar unânime sobre a droga, a criação de mecanismos de conscientização em massa é o segundo grande exemplo. Ou seja, não basta a proibição, pois também é preciso conscientizar. Do contrário, drogas que já são criminalizadas, como a maconha, não teriam um consumo crescente.

Talvez devêssemos nos perguntar: quantas propagandas anti-maconha já vimos na TV? Não lembro de já ter visto. Em vez disso, o que temos observado é a promoção de um olhar romantizado, conivente e até incentivador sobre esse entorpecente por parte de alguns grupos políticos e mídias ligadas ao progressismo.

Até mesmo a abordagem ao uso das drogas foi modificada ao longo dos anos, assumindo um viés mais passivo em relação à dependência dos usuários, o que vai na contramão de todos os esforços implementados na luta contra o tabagismo.

Felizmente, esse olhar mais contemplativo sobre o problema da dependência começou a mudar a partir da Nova Política Nacional Sobre Drogas do atual governo, em 2019.

Conclusão

Se conseguimos reduzir drasticamente o consumo de cigarros com base numa campanha massiva em nível nacional, contra o tabagismo, o que nos impede de fazer o mesmo em relação às outras drogas?

É possível fazer, mas é preciso saber como. Precisamos aliar a criminalização à conscientização, e isto tem faltado, por isso ainda há muito a ser implementado para mudar a nossa realidade.

Não podemos resumir a informação sobre os entorpecentes, lícitos e ilícitos, apenas ao público-alvo. Precisamos transformar isso em algo tão comum quanto os alertas de cânceres nas embalagens de cigarro. Essa não é uma solução definitiva do problema, mas sem dúvida é parte dele.

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