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A realidade do sonho

Pedro subiu ao terraço para orar. Tendo fome, queria comer; enquanto a refeição estava sendo preparada, caiu em êxtase. Viu o céu aberto e algo semelhante a um grande lençol que descia à terra, preso pelas quatro pontas, contendo toda espécie de quadrúpedes, bem como de répteis da terra e aves do céu. Então uma voz lhe disse: “Levante-se, Pedro; mate e coma”. Mas Pedro respondeu: ‘De modo nenhum, Senhor! Jamais comi algo impuro ou imundo!’ A voz lhe falou segunda vez: ‘Não chame impuro ao que Deus purificou’.” Atos 10:9-15

Sonhos! Tenho uma relação especial com eles. Sei que muitas vezes eles são resultado de nossas nóias pessoais e até de comidas indigestas (no meu caso, que sou um gordo comilão), mas acredito que eles possam trazer revelações psíquicas, lá do subconsciente, que visam equalizar melhor nossa relação entre realidade convencional e o nosso self, redefinindo-nos.
Existe também a possibilidade do sonho se tornar um canal espiritual. Talvez pelo fato de que ao estarmos acordados e ativos em nossas faculdades mentais, a razão nos domine de tal forma, predeterminando a maneira como vamos interpretar o mundo e nossas visões dele. Dormindo, estamos sujeitos, abertos, ou melhor, vulneráveis a novas possibilidades e perspectivas, diferentemente de quando “estamos” donos de nossa razão.

O caso de Pedro, em Atos 10, foi exatamente este! Ele teve uma visão, um sonho que, racionalmente, era inadmissível, no entanto, Deus queria lhe dar uma nova perspectiva, que abriria novas possibilidades na interpretação do Evangelho.
Alguns pensamentos ou “visões” que são inadmissíveis pra nós quando estamos acordados, podem tornar-se possíveis quando estamos dormindo e é aí que podemos ouvir a Deus.
Talvez Ele fale conosco através de sonhos justamente pelo fato de que, acordados, estamos surdos, tapados e cheios de preconceitos e teologias formadas, inaptos para receber a novidade inconcebível diante de nossa razão preconceituosa.

Fomos educados a obedecer à razão, contudo, a razão institucionalizou-se e autoridades como o Estado, com ajuda da religião nos domesticou a pensar da forma como querem que pensemos.
Os poderes seculares, junto com a religião (incluindo a evangélica) têm imposto uma forma de “educação”, que não passa de formatação.
Tudo o que desejam é formar cidadãos dentro de um padrão moldável, maleável. Esta manipulação transtornou o verdadeiro sentido do Evangelho que sempre foi o de libertar pessoas das garras do sistema do Mau e reconciliá-las com Deus, revelando uma nova concepção de mundo a ser vivida.

A história mostra o porquê da transformação do cristianismo em extensão do braço manipulador do estado.
Foi lá nos meados do século IV que, Constantino, imperador de Roma, estando diante de uma guerra, viu “curiosamente” num sonho, a imagem de uma cruz e alguém que lhe dizia: “use-a e vença essa guerra”.
Ele fez isto! Tornou a cruz símbolo de seu exército, confessou-se cristão e estatizou a religião cristã. Qual era o objetivo? Vencer a guerra, alcançar o poder.
A história não termina ali, tem seus altos e baixos, seus pontos positivos e negativos e bem sei que estou pagando mico de estar propagando uma “teoria da conspiração”, mas o fato é que se não alcançarmos uma mentalidade liberta, se não nos despojarmos dos pensamentos manufaturados por teólogos e escribas, não conseguiremos alcançar uma livre interpretação, através de um livre exame de quem é Deus e o que Ele quer de nós neste tempo.

Quando sonho com Deus, vejo a justiça se sobrepondo à maldade, vejo o avivamento e me fortaleço na esperança de testemunhar Cristo estampado no rosto do pregador, como se viu em Estevão. A religião é muito mais do que este mundo material e acredito que Deus esteja querendo abrir uma nova dimensão de entendimento para nós, a fim de que descubramos a existência de muito mais em Cristo, bem além do que tentaram nos enfiar goela abaixo.

Abra sua mente para o novo!

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