“Portanto, irmãos, vocês que receberam o chamado de Deus, vejam bem quem são vocês: entre vocês não há muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade. Mas, Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o que o mundo pensa que é importante. Desse modo, nenhuma criatura pode se orgulhar na presença de Deus”. Paulo de Tarso.
Isaías 53 fala de um Messias desprezado, indigno e sofredor, do qual os homens não faziam caso. Realmente, Jesus se vestiu para ser o retrato da humilhação entre os homens. Alguém tão glorioso, tão supremo, tão santo, tão lindo, tão originalmente humano, se despiu da formosura que lhe era cabida a fim de ser capaz de se identificar com as pessoas da Terra.
Está escrito que devemos ter em cada um de nós o mesmo sentimento que houve na vida do Senhor, o qual sendo Deus, não se deixou envaidecer por isso, mas antes, esvaziou-se dessa condição colocando-se em forma de homem, humilhando-se até a terrível morte que sofreu (Filipenses 2:5-8).
A vida do Espírito Santo dentro do ser humano o promove. Ter dentro de si a revelação da divindade, compreendendo que é sua morada dentre os homens é um status que pode confundir mentes decaídas e neófitas.
Todavia, foi o profeta Jeremias quem decretou uma verdade sobre a qual devemos atentar sempre: “enganoso é o coração do homem, e desesperadamente corrupto…” (Jer. 17:9). Noutra versão do mesmo texto, diz que o coração do homem é incorrigível. Nossa tendência em usurpar da majestosa Glória que tem sido compartilhada por Deus graciosamente com a Igreja é uma grave e incorrigível enfermidade perante a qual devemos aprender a nos posicionar utilizando a vacina correta, que é a humilhação.
As virtudes do Reino de Deus que nos são disponibilizadas são alcançadas com chaves específicas. Instrumentos como a fé, a disciplina, a oração e a obediência abrem portas espirituais que nos permitem utilizar de poderes sobrenaturais, mas a manutenção disso deve ser acompanhada sempre da bênção da humildade.
Você pode até dizer que estou ficando louco, mas humilhações ajudam a manter vivo dentro de você o dom precioso que o Senhor lhe confiou. O mesmo dom que, para muitos, tem sido razão de glória pessoal, tornando-se, no entanto, caminho de queda.
Prostrar-se diante do Senhor, um dia, todos irão. Cabe a nós decidir se essa humilhação será proporcionada no meio ou no fim da carreira.
Quanto mais cedo entendermos este princípio, que afirma a escolha de Deus pelas coisas desprezíveis deste mundo, mais rapidamente nos tornaremos instrumentos úteis em suas mãos, não nos deixando levar pela perda de tempo com coisas fúteis e sem valor, as quais, são frequentemente valorizadas pela humanidade como importantíssimas.
Enquanto sinto alguma frustração pela descoberta de ser apenas algo desprezível deste mundo, minha mente induz a lembrar da queixada de burro fresca nas mãos de Sansão, das pedrinhas e da funda do menino Davi, dos pescadores humildes que creram na palavra de seu Mestre, do bordão nas mãos de Moisés, dos parcos pães e peixes de um pequeno garoto em meio à uma multidão faminta… todos esses, embora estivessem aparentemente munidos de armas de capacidades diminutas, mudaram as circunstâncias do mundo ao redor de si, em seu tempo. Venceram guerras impossíveis, derrubaram inimigos gigantes, reconciliaram pessoas com Deus, transpuseram barreiras e alimentaram multidões.
São com esses exemplos que consigo ter a melhor definição de quem sou neste mundo: um pedaço de quase nada, um simples e inanimado instrumento nas mãos de um Deus poderoso.
É por essa razão que importa que Ele siga crescendo e eu diminuindo.