Eu não conheço e nunca conhecerei a Nancy e o Kent que estão aí na foto. Você, muito provavelmente também não. Mas, assim como eu, com certeza você ouviu falar deles na última semana.
No fim de semana passado, fui a um congresso onde um dos palestrantes que tanto ansiava ouvir, era o líder africano de uma grande missão humanitária. Ele, porém, não pode estar presente.
Logo na abertura, assistimos um vídeo do Joshua explicando que estava com passagens compradas e tudo pronto para vir ao Brasil. Porém, um incidente na sua organização impediu que ele viajasse. Dois dos integrantes da equipe de saúde foram contaminados pelo vírus Ebola e ele estava no meio de toda essa crise tentando resolver os problemas decorrentes.
Isso tudo me impactou profundamente pois havia visto muita coisa na mídia, inclusive, as acusações de que Kent e Nancy seriam agentes terroristas querendo se infiltrar nos EUA para contaminar a população. Então resolvi escrever esse pequeno texto. Com certeza Nancy e Kent não o lerão, mas quero deixar aqui o meu obrigada a eles.
Não sei se você já parou para pensar o que faz uma pessoa deixar todo o conforto da vida moderna e se embrenhar em lugares inóspitos para tratar doenças incuráveis, pobreza extrema… Posso afirmar, sem sombra de dúvida e de dados, que muitos, mas muitos que já foram e ainda vão, são motivados por amor e pelo exemplo de um homem pobre de Nazaré. Dos exemplos conhecidos, de Luther King a Madre Tereza, aos milhares de anônimos.
Em tempos onde a religião é confundida com status, como ponte para o ter, tempos onde imagina-se que o Eterno habita em templos feitos por mãos humanas, o homem de Nazaré ainda inspira à doação da própria vida pelo outro. São anônimos que como Kent e Nancy, só conhecemos no momento em que a tragédia humana ameaça a estabilidade dos países ricos. São mulheres e homens que vão, se doam e não esperam aparecer na mídia.
Obrigada Nancy e Kent, por irem onde nunca irei, por olharem pelos que nunca olharei e tocá-los, apesar da doença, apesar do risco, apesar do mau cheiro.
Obrigada por me mostrarem que o homem de Nazaré está vivo em vocês. Obrigada por me mostrarem que posso continuar crendo na simplicidade da fé que é indissociável ao amor, apesar de tudo o que vejo no meu entorno.
Obrigada por sonharem e trabalharem por um reino de paz, de igualdade.
Obrigada por me fazerem acreditar que posso pelo menos tentar amenizar a dor de quem sofre.
Obrigada por irem, por me mostrarem nas suas mãos as marcas dos pregos que não foram em vão, que ainda inspiram o amor incondicional e as ações concretas de transformação.
E a minha oração sincera por vocês, pela saúde e vida. Aliás, pelo que li os médicos estão espantados com sua recuperação. Com certeza o Nazareno é o chefe desta equipe!
N’Ele
Silvana Bezerra Magalhães